Citamos trecho da orelha desse livro de Raquel Wandelli, outro nome que Santa Catarina nos manda, como sempre, dignos de respeito. Diz o trecho:“Trata-se de uma leitura consistente do romance “O Dicionário de Kazar”, do iugoslavo Milorad Pávitch...o primeiro livro que, explicitamente, aponta para o caráter intertextual da leitura já que, através de lógicas associativas, abre a leitura a uma multiplicidade de percursos e sentidos. A publicação deste trabalho dará uma excelente contribuição para se pensar em uma estética hipertextual, que dissolve os limites entre velhas e novas tecnologias, informatizando e hipertextualizando livros, conforme conclui a própria autora.”
O trecho citado foi escrito pela professora dra. Tânia Regina Oliveira Ramos, da UFSC.
O tema da hipertextualidade é bastante controvertido já que alguns estudiosos julgam que esse tipo de leitura é exclusivo da linguagem da Informática, contestando a possibilidade de ser feita a partir do texto escrito e impresso.
Outros, como a respeitável autora do trabalho, julgam por exemplo, que já em Dom Quixote haveria a possibilidade estrutural concreta de se fazer uma leitura extraindo de seus capítulos, sub-títulos, entrelinhas, notas de rodapé, de seu projeto literário, enfim, a leitura descontínua que a informática, tanto quanto a televisão, trouxe para a realidade de nossos dias.
O livro, por isso mesmo, é uma contribuição valiosa à discussão e estudo de assunto, |t| que tem como discordantes nomes famosos no mundo inteiro, como Snyder, que ao definir a matéria não deixa por menos:
“...a information medium that exists only on-line in a computer.”
|t| Sobre essa visão desaba a fúria civilizada da nossa Raquel Wandelli e dos que pensam como ela.
Quem esteja vivendo o mundo de hoje na sua plenitude de informação globalizante e descontínua, mosaico e não linearidade, não pode deixar de ler mais esta contribuição à cultura.