A biografia, editada pela Odisseia Editorial, conta uma história de paixão pelas pedras preciosas e uma obstinada trajetória desde a chegada de Jules Sauer ao Brasil, então com 18 anos. Além de histórias curiosas e muitas vezes engraçadas, o livro presenteia o leitor com farto material fotográfico, verdadeiras relíquias.

A primeira impressão que temos de Jules Sauer ao lermos sua história, logo no início, quando relata sua saída da Europa rumo à América do Sul, é a de sua personalidade peculiar e do otimismo nato que sempre o caracterizou. Para ele, ter ‘atitude’ sempre foi fundamental. O pensamento positivo como tônica de vida. Nunca via as dificuldades, mas, sim, as possibilidades. Encantar, seduzir e atrair as atenções era algo que fazia com muita naturalidade, e foi usando tais artifícios que recebeu o convite para trabalhar no negócio de pedras preciosas, convite que, sem que o soubesse então, mudaria o rumo da sua vida e da história das pedras preciosas do Brasil.

O mercado de pedras preciosas foi sendo construído a partir do conhecimento e da sensibilidade de algumas pessoas ao redor do mundo, e Jules Sauer, que expandia seu mundo de pedras coloridas no Brasil, decididamente foi uma dessas pessoas. A abertura de sua (primeira) empresa em 1941 tem, na perspectiva histórica, um enorme significado. Aquele escritório seria o início de uma longa e vitoriosa trajetória que, anos mais tarde, se consubstanciaria na rede de joalherias Amsterdam Sauer, num trabalho reconhecido internacionalmente e na criação do primeiro museu brasileiro de pedras preciosas criado e mantido por um joalheiro. Um capítulo importantíssimo na história da joalheria no Brasil.

Jules sempre foi sui generis e uma história do início das atividades da empresa, narrada no livro, retrata bem sua personalidade: assim como ganhara uma oportunidade que nunca pensara que poderia ter, resolveu dar a outras pessoas uma chance de ter um ofício, transformando engraxates em lapidadores. O ritmo ligeiro, preciso e cadenciado dos engraxates em ação despertou-lhe a ideia de que aquela habilidade manual poderia ser usada na manipulação das pedras. E das caixas de simples engraxates nasceu uma geração de lapidadores da melhor qualidade.