Jogo, ritual e teatro. A partir dessas lentes a autora analisa o tribunal do júri, em que mortes violentas são julgadas por pessoas comuns. Com base em estudos descritivos de sessões de julgamento ocorridas em São Paulo, Ana Lúcia Pastore Schritzmeyer revela a existência de um sistema de persuasão performática, que reafirma valores arraigados e também serve de espaço para repensar esses valores.
Este relato chama a atenção para as dimensões desse teatro, onde são encenados, persuasivamente, não apenas histórias do que aconteceu e suas interpretações, mas também os atos performativos e lúdicos. Nele, personagens se defrontam, dramatizando processos de reconstituição da verdade.
Em Jogo, ritual e teatro: um estudo antropológico do tribunal do júri, a antropóloga demonstra a importância de um sistema de crenças para a compreensão de dinâmicas sociais que seriam opacas sem personagens e histórias que lhes dessem sentido. E mostra de que modo os dramas lá encenados não se resumem à condenação ou à absolvição de acusados e elaboram os destinos dos envolvidos.