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O show de Janis Joplin que a ditadura proibiu no Rio em 1970
No livro Janis Joplin só queria sambar, o jornalista Gonçalo Junior revela a perseguição do Governo Médici à cantora americana e como, por pouco, ela não morreu em um grave acidente de moto a caminho de Cabo Frio
Se havia algo que Janis Joplin realmente queria fazer no Brasil, durante o Carnaval e as férias que passou no país, era um show gratuito para os cariocas, na tarde de domingo, 22 de fevereiro de 1970, na Praça General Osório, em Ipanema. Vaidosa como era, queria deixar sua marca entre os brasileiros, ainda mais com a expectativa de que o show seria filmado pela TV Globo e exibido em rede nacional.
E seria mesmo. José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, então diretor-geral de programação da emissora, afirmou em entrevista ao livro Janis Joplin só queria sambar, de Gonçalo Junior, em lançamento da Editora Noir, que o espetáculo não ocorreu porque foi proibido pela ditadura, por meio de uma de suas formas mais eficientes de repressão: a censura. “A passagem da Janis Joplin pelo Brasil foi um furacão”, disse ele. Ou seja, “causou grande alvoroço e a manteve quase diariamente nas páginas dos jornais cariocas”.
Em 1970, recorda Boni: “Por sugestão de Nelson Motta, a Globo quis comprar os direitos de transmissão ou gravação do evento, mas ninguém sabia com quem negociar. O nome do suposto espetáculo seria, em português, Carnaval Sem Fim, mas não se sabe se isso realmente existia ou se era apenas um desejo dela. O fato é que não aconteceu, e nem mesmo foi iniciada qualquer produção do projeto”.
Segundo o que Boni soube à época, “devido a um hipotético mergulho da Janis Joplin nua na piscina do Copacabana Palace, o episódio teria despertado a atenção da censura do Governo Militar, que não concedeu o alvará e, assim, proibiu a realização do evento em Ipanema. De concreto, não se sabe nada com exatidão”. Ele acrescenta: “Acredito que essa história de que o ‘show’ foi proibido para evitar roqueiros e cabeludos foi, na verdade, uma invenção do namorado americano dela, revoltado com a negação do alvará”.
Para a imprensa, sob intensa intervenção da censura dentro das redações, o motivo para o cancelamento da apresentação foi a grave queda de moto que Janis sofreu com o namorado americano David, cinco dias antes da data prevista para o show. Ainda que o acidente tenha servido como desculpa perfeita, é provável que, se quisesse, ela teria conseguido cantar no dia 22, se a censura tivesse deixado. Janis ficou praticamente incomunicável durante uma semana no Rio, com escoriações pelo corpo e um corte com hematoma na nuca devido à queda.
Esses são apenas dois dos muitos pontos abordados no livro de Gonçalo Junior, que tem como propósito lançar luzes, da forma mais fiel possível, sobre a terrível e sofrida viagem de quatro semanas da cantora ao Rio e à Bahia — uma história até então contada com pitadas de folclore, exageros e mentiras. Além de recorrer ao noticiário da época, o autor consultou arquivos da ditadura e realizou entrevistas. E não deixa dúvidas: no início do governo mais violento e repressivo da ditadura, sob o comando do general Médici, a presença libertária de Janis incomodou profundamente a máquina de repressão do regime.
Nome
JANIS JOPLIN SÓ QUERIA SAMBAR: UMA VIAGEM DESESPERADA AO RIO E À BAHIA EM 1970
CodBarra
9786589482512
Segmento
Artes
Encadernação
Brochura
Idioma
Português
Data Lançamento
10/04/2025
Páginas
288
Peso
576,00
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