catraca, uma sala de aula. o ruído das instruções do fiscal enjoa, os dedos escuros brancos nas juntas. tem gente que se conhece, nunca ela, nunca nessa região. o garoto da carteira de trás estica o pescoço. o ruído do riso enjoa, os dedos escuros brancos nas juntas, aperta forte as unhas contra o papel, esconde o curso. uma gota sem cor explode na pele escura do indicador. escorre devagar pela curva do dedo, um rastro de água e sal em cada linha, em cada poro, e termina no papel, ao lado da sentença: Cinema. a língua se perde entre os dentes, esquece como se faz, uma catraca na boca. levanta, o ruído do fiscal reclamando enjoa. some no banheiro, limpo, iluminado, branco. os dedos escuros escuros contra a pele. deseja uma catraca, o silêncio. o ruído escuro do seu corpo enjoa