Há algo de geológico na poesia de Marcos Siscar. A leitura se faz por camadas. O leitor pode se contentar com a mancha gráfica primordial, mas à medida que relê o texto – mescla do sobrevoo dos balões de ensaio de encontro ao céu com o resultado apurado de sua investigação em terra firme e cotidiana – vai ganhando o prêmio da escrita cambiante que, dependendo do dia e da circunstância, varia e revela os significados refletidos nessas refrações. Neste livro, Siscar, o geólogo de antes e de sempre mostra suas asas, até então apenas sugeridas, e a vista de longo alcance de sua aeronave.