Não é fácil seguir em frente com suas histórias, acertá-las no papel e botar a cara na rua, comprando a briga delas. Só quem é malandro entende o jeitinho usado por aqui para começar a publicar no mercado editorial brasileiro sem padrinho e sem camaradagem. O caminho é longo, mas e daí?

Para alguns escrever pode ser um ato torturante, mas também pode ser aquela atividade mágica que, quando vivenciada, dá sentido para toda a mecânica da vida. Foi por fora das amarras do mercado que o Barthô seguiu até finalizar essa que é uma de suas histórias mais discutidas na mesa de bar e nas rodas de amigos.
A narrativa encontra na história do país tudo o que precisa para crescer para além da verdade que vivemos hoje. E sim, o livro leva o Brasil para uma realidade quase surreal. Mas o que é fantástico quando a todo momento em lemos notícias fora do real nos jornais?

Quando a ironia não é demais, a ficção é realista, e o real é ficcional.
É no incômodo de olhar para uma realidade aparentemente tão diferente da nossa que encontramos espaço para nos virar para dentro e criticar nossa posição na vida. Manipulação midiática, uso excessivo do poder do estado para si, sistema autoritário vindo dos aparelhos do estado: tudo isso a gente já conhece bem e enfrentamos todos os dias no Brasil.

Contada sob uma ótica fantástica e feita com uma ironia ácida de quem vê diariamente o povo sofrer sem nem saber que sofre, "Heróis Nacionais" segue em paralelo com a nossa história para recontar um futuro e presente fantásticos da realidade existente. Está tudo aqui: o jeitinho, a falta de memória política, a alienação, a corrupção e claro, um herói pra chamar de nosso em carne, osso e jeitinho brasileiro: o Capitão Brasil.