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HABITUS E AGRICULTORES-ASSENTADOS: UM...SEM-TERRA”
Este livro, originado da dissertação de mestrado de Marcos Botton Piccin, em uma perspectiva inovadora de análise dos processos sociais rurais, aborda a diferenciação das estratégias produtivas dos agricultores do Assentamento rural Ceres, localizado no estado do Rio Grande do Sul, procurando compreender as instâncias subjetivas dos agricultores assentados a partir dos processos sócio-históricos do Rio Grande do Sul. Esses processos, com suas objetivações e subjetivações culturais, compõem o magma social que localiza as individualidades e pessoalidades dos agricultores assentados, bem como definem os espaços sociais nas redes sociais de poderes, modelando as mentes dessas pessoas e indivíduos. Em síntese: conformam os habitus sociais diferenciados de indivíduos, classes e categorias sociais, dentre eles os hábitos e saberes produtivos dos agricultores assentados analisados; uma espécie de psicoeconomia pessoal e social que orienta de uma forma não-determinista suas decisões produtivas. Este recurso teórico-metodológico possibilitou a visualização de distintas significações e representações das conjunturas econômico-sociais vividas pelos assentados desde o início do Assentamento Ceres.
Compreendendo as distintas decisões conjunturais como possibilidades estratégicas individualizadas em um dado contexto social, as decisões retratariam uma união flexível entre o passado e o futuro de cada agricultor assentado que constroem, no tempo, distintas estratégias de reprodução socioeconômica. A análise permitiu visualizar três grupos de agricultores assentados a partir das estratégias produtivas que desenvolveram em seus lotes.
Na análise o autor identifica na dinâmica das lutas pela terra no Rio Grande do Sul a configuração originária de uma heterogeneidade sociocultural no Assentamento Ceres passando pelos processos vividos pelos agricultores assentados desde o acampamento ao assentamento e no acompanhamento dos cultivos e produções desenvolvidas sobre o lote de terra. É na montagem das estratégias produtivas e de reprodução social dos grupos domésticos que as diferenças socialmente vividas se manifestam possibilitando as diferenciações socioeconômicas observadas entre os agricultores-assentados.
O estudo é interessante por mais uma característica. O Assentamento Ceres possui uma área total de 2.210,40 hectares (ha), com 106 famílias de agricultoresassentados e está localizado na região do Planalto rio-grandense, no município de Jóia. A referida região é caracterizada pelo cultivo hegemônico da sojicultura desde a década de 1970. Antes de ser adquira pelo INCRA essa área, denominada de Granja Ceres, era um empreendimento capitalista de propriedade da VARIG Agropecuária SA especializado na produção da bovinocultura leiteira que continha uma expressiva infraestrutura em laticínios e solos considerados de boa qualidade. Essa infra-estrutura passou a compor o patrimônio do Assentamento Ceres e resultou, por ação do INCRA e do MST, na configuração de uma dimensão de gestão coletiva cooperativada deste patrimônio coletivo dos assentados, impondo assim uma dinâmica política diferenciada no interior do assentamento. Essas condições herdadas da empresa Granja Ceres é que justificam as referências dos indivíduos, ainda quando estavam no acampamento, como sendo essa área a menina dos olhos do sem-terra do estado. A formação de uma Cooperativa e dos chamados grupos coletivos de produção expressam algumas das dimensões políticas do caso analisado. O ambiente em torno do Assentamento é marcado por granjeiros da soja, cooperativas, instituições governamentais e dos movimentos sociais organizados, também portadores de diferentes posições nas estruturas de poderes regionais. O autor demonstra que “essas circunstâncias definem um campo de reprodução e de poderes dos agricultores-assentados restrito e relativo, onde o manejo e organização dos fatores produtivos de seus lotes constituem uma dimensão de suas autonomias relativas”.
As análises realizadas foram apresentadas em capítulos, tal como poderá ser identificado no Sumário. A Introdução apresenta a trajetória analítica de forma simples e resumida, dispensando desta apresentação qualquer detalhamento. Cumpre-me aqui reafirmar o prazer de ter podido orientar este trabalho e acompanhar o sentido aguçado, perspicaz e atento deste jovem e promissor pesquisador. Sinto-me gratificado por ter contribuído, como interlocutor privilegiado, na construção desta análise, cuja leitura recomendo. Sua divulgação a um público amplo é uma das responsabilidades sociais do trabalho científico.
Prof. Dr. Roberto José Moreira, Professor titular do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Agricultura e Sociedade – CPDA/UFRRJ
Nome
HABITUS E AGRICULTORES-ASSENTADOS: UM ESTUDO A PARTIR DO ASSENTAMENTO “MENINA DOS OLHOS DOS SEM-TERRA”
CodBarra
9788580670035
Segmento
Humanidades
Encadernação
Brochura
Idioma
Português
Data Lançamento
Páginas
296
Peso
592,00
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