A quem estiver lendo este guia agora, antes que vá à Moscou atrás das atrações apresentadas, ou que se sente em frente à TV para assistir aos jogos da Copa, que esteja atento: não garantimos a permanência de nenhuma paisagem aqui descrita por muito tempo.

Para falar a verdade, este guia nem terá muito outra serventia que não a de registro ou documento; não indica atrações, mas indícios de um momento determinado em meio ao movimento geral e ampliado do tempo inscrito no espaço.
Trata-se, afinal, de um flagra do futuro que levou o futurismo russo, ou do estado presente do espaço planejado no passado, e a crise do sentido social que projetava — seja sob a forma de prédios apodrecendo, canteiros gigantescos, reformas hipsters, grandes eventos…

O que se capta aqui é a implosão-explosão monumental de uma cidade convertida em megamercadoria imagética e imobiliária após o colapso da utopia socialista científica do urbanismo e da economia planificada.

Assim, talvez a única direção definitiva que este guia possa apontar seja o vetor de destruição-construção empreendido pelo capital fictício — além da eficiência do feitiço turístico em transformar a arquitetura em simulacro da própria história. O que se vê, ao menos por agora, é que o construtivismo se encontra em voga — e em ruínas.