“Estamos diante de um livro afirmativo da vida de um professor, “(Geo)grafias do lugar: educação geográfica na educação básica”, de autoria de Clézio dos Santos, recolhe, junta e reorganiza um conjunto das produções do autor. Leituras, estudos e formação docente constituem as linhas de encontros e de atravessamentos da pesquisa, do ensino e da extensão. A nova composição escritural, organizada em oito capítulos, insere as reflexões nas molduras teóricas, especialmente, de Milton Santos e de Paulo Freire. Assim, foi traçada uma constelação escritural na qual o “lugar” e a “educação” foram mobilizados para a proposta de uma pedagogia espacial. A padronização e a vigilância dos sistemas educacionais neoliberais propõem formas discursivas opressoras que buscam ceifar a educação enquanto prática de liberdade e emancipação. Desta forma o que pode ser opressivo num ensino não é finalmente o saber ou a cultura que ele veicula, são as formas discursivas através das quais ele é proposto (Barthes, 2013, p. 45). Radicalizar a democracia educacional e os direitos da educação pública enquanto um direito territorial mobiliza outras formas discursivas que são encontradas na obra.

Portanto, convido à leitura e à partilha do sensível da obra através de questões que constituem as argumentações e as movimentações do autor: Pode a pedagogia espacial horizontalizar a escola democrática e igualitária?

Na época de ataques cotidianos à profissão docente, a pedagogia espacial pode ancorar práticas de liberdade aos professores?

Os encontros das (Geo)grafias do lugar e da educação potencializam a escola emancipadora e a justiça territorial?

Desacomodar o pensamento é a função dos bons livros, que os pensamentos desacomodados façam emergir novos problemas para a agenda de pesquisa, ensino, extensão e formação docente da/na educação geográfica.”
Ana Giordani - Universidade Federal Fluminense – UFF.