Fraturas e próteses é um romance narrado em primeira pessoa sobre como, ao longo da vida, é preciso substituir o que há de fraturas e cortes por suturas e próteses — tanto no corpo como na psique. Como diz Lina, a protagonista e narradora deste romance, a vida é a maior das fraturas.

A protagonista tem desde menina um sentimento de dissociação de seu próprio corpo, algo que vai culminar no encontro com uma figura fantasmagórica: a sinistra e misteriosa senhora M., que vai de amiga imaginária a parceira de conversas e de reflexões.

Lina mergulha nessas páginas em memórias em que as figuras parentais se mostram tanto onipotentes como frágeis e vulneráveis. A mãe e o pai, figuras centrais, são como grandes faróis que aos poucos perdem luminosidade, mas continuam orientando a filha.

Neste relato impactante, o tempo vai e volta, e o passado é resgatado para refazer o percurso e reescrever o momento atual. O estilo de Luisa Lancellotti é altivo e lírico, mas ao mesmo tempo sintético e objetivo, como a dureza e a maleabilidade do osso. O que foi machucado volta a sedimentar em aprendizado, experiência e uma nova escrita.