Dirce de Assis Cavalcanti exerce um fascínio pessoal através de sua poesia. Mesmo com poucas palavras, vai enredando com o essencial, numa narrativa íntima e necessária para o seu dia a dia. A voz poética é a mais breve, mas a mais profunda. Pesca com seus gestos os peixes abissais. Chama para si a voz que sibila em seus ouvidos. Serei eu a próxima? Terei vivido tudo? Quem estará comigo? Tantas perguntas que ela se faz, e nenhuma é respondida. Ela se detém sobre o poema. Só a poeta sabe o que almeja. Por isso procura, como Drummond fez ao perguntar pela chave. É o poema que responde. Nestes poemas, escritos durante seis meses, Dirce evoca a sua existência como base primordial e medida de todas as coisas. Quando a poeta pede respostas, ela espera, no eco das palavras, a revelação através do poema. Por isso escreve, para que o poema mostre sua face, sem se importar com a resposta, “pobre ou terrível” que lhe dê. Procura-se a poesia para se encontrar as respostas.