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“Diz Hannah Arendt que cada vez que um recém-nascido chega à Terra, perguntamos-lhe: ‘quem és?’ É uma ideia emocionante, que coloca as pessoas sob o signo do enigma. Para preservar a dignidade do recém-nascido que somos todos os dias de nossas vidas, essa pergunta precisa ser refeita. Todos os dias. E precisa ser respondida pelas próprias pessoas.”
Rafael Zacca, que semeou essa “ideia emocionante” de Hannah Arendt em um dos 18 ensaios deste livro, é o recém-nascido da vez: Formas nômades é seu primeiro livro de crítica. Embora a maior parte desses textos já tenha sido publicada em revistas especializadas, a sua reunião em quatro blocos relativamente autônomos (I. Inconformismo e incomunidade; II. Poesia e política; III. Crítica e forma; IV. Dois sobrevoos) transforma o seu alcance e o seu sentido. Cada estrela brilha diferente quando vista numa constelação.
Durante a leitura, eu repeti inúmeras vezes a pergunta de Arendt: “quem és, Zacca, quem és?” E ele, a cada novo texto, abordando objetos estéticos, temas e autores os mais diversos (Stella do Patrocínio e Paulo Freire, Walter Benjamin e Paul Klee, Heyk Pimenta e Leila Danziger, entre outras) de formas sempre mutantes (carta, diálogo, ensaio), parecia sempre de novo renascer, como uma esfinge ridente ao propor enigmas indecifráveis.
Recorri então à memória. Seu último livro, O menor amor do mundo (7 Letras), é um dos livros de poesia contemporânea mais tocantes que já encontrei. Só de lembrar do minianjo no jardim de infância que faz as coisas para sempre; ou do galo celestial chinês acordando o Méier inteiro; ou do inesquecível “Banquete no Codorna do Feio”, uma eletricidade com gosto de alegria (ou de felicidade; ou de revolução) percorre a minha espinha, produzindo pequenos choques. Zacca me ensina sempre de novo que poesia é coisa de pele.
“Dize-me com quem andas que te direi quem és”, ouço de repente o fantasma de Zacca sussurrar no meu ouvido. Onde já se viu a própria esfinge decifrar o seu enigma?! Se a poesia recente dele é toda feita dos encontros com seus amigos, amigas e amores, o mesmo se pode dizer do seu ensaísmo. Cada texto deste livro é, em alguma medida, uma declaração de amor a alguém ou alguma obra que foi importante em sua trajetória. Se é verdade que nenhum homem é uma ilha, o Zacca crítico se encontra neste livro com o Zacca poeta: habitado por inúmeras vozes, o bebê Zacca promove o casamento da crítica com a criação e nos ensina que somos quem e como amamos. Crítica como arte de amar, e não como juízo de valor. Eis a grande lição deste livro tão enorme quanto o menor amor do mundo.
Patrick Pessoa
Nome
FORMAS NOMADES: ARTES, POLITICA E CRITICA HOJE
CodBarra
9786587814087
Segmento
Artes
Encadernação
Brochura
Idioma
Português
Data Lançamento
10/01/2022
Páginas
212
Peso
340,00
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