Além da sua incontinência criativa, ele é um cartunista capaz de enveredar até pelo escracho, desde que atinja seu objetivo: ser escancaradamente engraçado. Não quer desenhar bonito, nem posar de intelectual (apesar de ser, é um escritor muito bem dotado). O negócio dele é fazer rir. E consegue isso como poucos, tem um traço extremamente econômico. Elimina tudo que possa desviar a atenção (e a gargalhada) do leitor. Quem não é do ramo pode pensar que é um desenho sem enfeites, e é. Seu traço tem a leveza, o vigor, a simplicidade e a precisão de uma pirueta de Carlitos. Neste livro, Nani pega no pé do Lula na Presidência. Três anos de ovação implacável, a capa dá o tom do que aguarda o leitor: lá vai ovo - Lula. A picada de uma charge dói mais que porretada de um editorial, os muçulmanos e Lula que o digam. Mais uma vez o Nani foi bem nestas charges capazes de fazer rir até um editor de humor, como aconteceu comigo há 33 anos na redação do Pasquim.

(Jaguar)