Flor-de-Lis expõe aos leitores a triste realidade dos brasileiros excluídos, via de regra descultos e expelidos do campo, em função da mecanização das lavouras.
Habitam barracas de plástico nas margens das rodovias, onde podem ser vistos por aliciadores de movimentos, políticos, religiosos ou comunitários, que os transformam em militantes ou fiéis dessas organizações, cujo objetivo é ampliar a sua “massa de manobra”, geralmente com interesses político ou politiqueiro, ou engrossar rebanhos que aumentem o poder de expansão das igrejas.
O protagonista, Juvenal, está entre estes excluídos e vê a desestruturação de sua família, com a miséria, a doença, a falta de escola e a prostituição atingindo seus filhos, sem que a sociedade veja isto com olhos corretivos, mas como se fossem bandidos invasores de terras alheias.
Certo ou errado, pretendendo engrossar sua “tropa” ou não, o MST (Movimento Sem-Terra) foi o único a dar-lhe guarida e assistência, pelo qual Juvenal passou a lutar.
Flor-de-Lis é um drama que nenhum brasileiro deve deixar de ler, cujo texto mostra com clareza a situação social destes excluídos e as condições que os cercam, visto sob o olhar romanceado do autor, mas com a inclusão de fatos reais.
Leva, sobretudo, a uma reflexão: por que um homem coloca sua família sob uma barraca de lona preta às margens de uma rodovia, sujeitos à fome e ao frio? Será que ele não gostaria de ter uma casa igual à sua, ou que seus filhos frequentassem a mesma escola que os seus?