Gatos gostam de se sentir donos exclusivos do território que elegem para si. Curiosos, têm a alma mais investigativa do mundo animal – não medem esforços para desenrolar um novelo de lã até o fim. Imprevisíveis, são capazes de alternar, num átimo de segundo, carícias ronronantes a unhadas certeiras. No quesito caça, são insuperáveis: unem paciência e premeditação ímpar diante de uma presa. Ainda por cima têm sete vidas: são perfeitamente capazes de, logo após uma queda tremenda, reaparecerem lindos e felpudos, como se nada tivesse acontecido.

A semelhança dos gatinhos domésticos com as mulheres contemporâneas, como se vê, é espantosa. Ambos apresentam um comportamento tão dúbio quanto adorável. Uma atitude peculiar e irresistível: são, ao mesmo tempo, a predadora sexy que caça solitariamente e a gatinha manhosa capaz de enternecer o mais radical dos brutamontes. “Essas mulheres são umas gatas”, de Angélica Lopes, usa essa semelhança para fazer um divertidíssimo retrato das fêmeas contemporâneas, com tudo o que elas têm de ambíguo, surpreendente, cativante e – por que não? – às vezes enlouquecedor.

Não se trata de um livro de autoajuda. Longe disso. Talvez esteja mais para um hilário tratado de antropologia, onde o objeto de estudo são as Femilis catas. Ou seja, aquelas fêmeas humanas que apresentam “um estado psíquico-comportamental que consegue unir duas mulheres opostas em uma: a meiga e a voraz, a doce e a perigosa, aquela que poderá ouvir numa mesma noite: ‘uau, que gata!’ e ‘Vem cá, vem, minha coisinha fofa.’

Com muito bom humor, Angélica Lopes não só descreve as principais características desse, digamos, jeito de ser feminino, como ainda dá dicas para quem quer conviver em harmonia com suas Femilis catas. A autora fornece informações importantes sobre a anatomia, o comportamento e a história dos felinos, que dão origem a associações por vezes surpreendentes – e quase sempre de fazerem rolar de rir. De quebra, “Essas mulheres são umas gatas” traz infográficos, classificações e informações extras que podem dar uma mãozinha na hora de decifrar as mensagens tão complexas enviadas por fêmeas de ambas as espécies.

Nas páginas desse novo livro da Editora Tinta Negra, o leitor vai entender por que as mulheres podem reagir de maneira bastante neurótica diante de um elemento novo na rotina. Por que o modo de agir feminino tem certa tendência à múltipla personalidade. Por que alguém que parece adormecido pode acordar num salto para vomitar uma bola de pêlo entalada na garganta. E ainda vai ser apresentado aos movimentos de ataque da gata no cio. Não sabe o que é o “fazendo a parda” ou a “pegada garra e agarra”? Cuidado! Você pode estar em perigo.