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O primeiro livro de poesia do romancista Roberto Taddei reúne um conjunto de poemas marcados por uma dicção singular e híbrida, que combina a observação factual e o registro mais distendido da prosa com um lirismo áspero e autorreflexivo, que deriva muitas vezes para o caráter político inescapável dos tempos atuais.
São 28 poemas, além de um epílogo em formato de carta, que compõem uma poética incomum. O conjunto se estrutura segundo um andamento em crescendo. Os poemas iniciais, numerados de #1 a #14 trazem a forte presença do espaço urbano de São Paulo, que serve de cenário para a experiência e de métrica para a imaginação buscar em outros lugares termos de comparação e fantasia.
Os ambientes, porém, são marcados pela impessoalidade: um aeroporto vazio, um barraco na Marginal, helicópteros que sobrevoam um telhado “que fica no meio do caminho/ entre o dinheiro e algum lugar” (como diz o poema #9) ou um parque onde a presença da morte perturba o impulso romântico: “o casal/ sobre as folhas secas/ do parque central/ tão coloridas em suas mortes/ sazonais // não sentem/ moverem se por eles/ os segundos e os elétrons/ os soldados/ seus exércitos” (#4).
O livro passa por um “entreato”, um poema que divide o volume ao meio, e segue com os poemas #15 a #27. À medida que o livro avança, os versos se tornam mais amorosos, memorialísticos e voltados para os espaços familiares e pessoais. O epílogo, finalmente, é uma carta ficcional a uma mulher desaparecida em 2011. “Cata a Ute, desaparecida na noite de ontem”, aborda os dilemas entre a situação política instável e atribulada (que só se agravou desde então) e o desafio de representar, em linguagem ao mesmo tempo afetiva e critica, os dilemas do presente.
Alguns dos poemas foram escritos diretamente em inglês, resultado da experiência de Taddei no exterior — o autor é mestre em criação literária pela Columbia University, de Nova York — e também da busca de uma dicção que seja ao mesmo tempo pessoal e marcada pela vivência e pela indagação da alteridade: “Just to walk in/ a city already done/ nothing to conquer, nothing/ to demolish/ only a place where one/ can be/ beyond/ it” (#27).
O conjunto assim, perfaz uma harmonia incongruente, que o título tão bem traduz. Nessa poesia, a melodia não é a do poeta que contempla seus sentimentos, intimidades ou opiniões, mas uma voz autoral que se desloca e busca uma modulação capaz de expressar as dinâmicas contraditórias de identidades, posicionamentos, hierarquias e autoridades dos tempos atuais.
Nome
ESSA MUSICA NAO E MINHA
CodBarra
9788593229510
Segmento
Literatura e Ficção
Encadernação
Brochura
Idioma
Português
Data Lançamento
03/09/2019
Páginas
48
Peso
100,00
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