“Espaços de memória” – o tema central deste livro, apontado já em seu título – é uma expressão sugestiva que nos remete à possibilidade de que “os próprios espaços podem se tornar sujeitos, portadores de recordações e possivelmente dispõem de uma memória que ultrapassa em muito a das pessoas”, conforme afirma Aleida Assmann (2003, p. 298) em seu alentado estudo sobre o assunto. Na mesma perspectiva, tal expressão também deixa em aberto se nos referimos a essa memória que se localiza nos próprios espaços ou às recordações que nós, humanos, temos de determinados espaços. A sugestividade encontrada na expressão “espaços de memória” confere ao presente volume um horizonte amplo de reflexão sobre esse tema cada vez mais premente na atualidade, em que há uma disputa de versões acerca de acontecimentos do passado histórico em vários países. Como lembra Andreas Huyssen (2000, p. 32-33), a representação da memória é “uma questão fundamentalmente política sobre a natureza da esfera pública, sobre a democracia e o seu futuro e sobre a forma mutante da nacionalidade, da cidadania e da identidade”.



Rosani Úrsula Ketzer Umbach

Professora na Universidade Federal de Santa Maria