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Este livro que você segura nas mãos, eu o tive nas mãos antes de você. Antes de ser um livro propriamente dito. Quando era um arquivo ponto alguma coisa, e me foi enviado por e-mail. Ler um livro assim, antes de ser um livro, despido de capa ou miolo, do cheiro tão característico e que tanto nos seduz, é se colocar diante do inesperado. E isso é incrível. Bem, é verdade que conheço Maria Cristina Martins e Tássia Veríssimo, as escritoras, e já li, e publiquei com alegria, alguns dos seus textos. Mas um arquivo aberto na tela do meu computador, com aquele jeito padrão dos arquivos de textos, desarma todo conhecimento prévio e nos propõe uma aventura. Algo novo a ser desvendado. Vou dizer que é muita coragem enviar um arquivo assim para ser lido por alguém. Porque tudo pode acontecer… E o que aconteceu com Entre máscaras foi que, à minha leitura, o livro, essa coisa mágica, se insurgiu da frieza digital, elegantemente, a cada página que eu rolava no meu notebook.
Que um livro assim surja no meio de uma pandemia, e por causa dela, é auspicioso, e nos traz a oportunidade de, por meio dele, iluminar nosso cotidiano mergulhado numa quarentena que desabou sobre nós. Talvez quando o livro físico vier à tona, muitos já tenham saído desse período de isolamento, mas essa experiência permanecerá em nós por muito tempo, e esse livro será um espaço de reflexão no novo normal, que nada tem de normal, ou mesmo de novo. E isso fica muito claro a cada conto/crônica (ah, esses inúteis definições…) que desfila diante dos meus olhos, cada um tão real e ao mesmo tempo tangenciando continuamente as distopias da ficção científica.
Mas é preciso dizer que esse belo trabalho não é tão somente sobre a pandemia ou as desventuras da quarentena. Pelo menos assim o vejo. Dizer isso é reduzi-lo, é encerrá-lo num espaço muito menor do que ele merece. É um livro sobre pessoas, sobre gente tendo que se mexer, se virar, existir sobre o fio da navalha que se materializa numa pergunta: o que fazer agora? Para, afinal, perceber que essa pergunta não é nova e nos assombra e desafia desde que nos entendemos como gente. A resposta está em quase tudo, em cada gesto e susto, no companheiro febril em plena manhã de domingo, na insônia e mesmo no bom humor e ironia de conseguir (ou não) comer um ovo frito nessa cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro.
Alternando os textos das autoras, o livro é como uma dança, em que as parceiras se embaralham num cordão de narrativas, numa conversa fluida em que nunca se confundem, mas na qual se completam e dialogam. Entre máscaras é dos muitos registros de um período em que nos metemos de ponta cabeça e sobre o qual sabemos muito pouco. E é, como poucos, um registro muito particular, único em muitos sentidos, de duas vozes de mulher, num país latino-americano mergulhado numa profunda crise, onde elas encontram um jeito bonito, cativante e provocador de contar histórias. Porque, nessa confusão em que se torna o mundo a cada dia, passam reis, generais, máquinas, pandemias, mas quem conta histórias permanece entre nós e assegura esse espaço luminoso sobre o qual nos equilibramos.
Toinho Castro
Nome
ENTRE MASCARAS: HISTORIAS DO INTERLUDIO
CodBarra
9786587938011
Segmento
Literatura e Ficção
Encadernação
Brochura
Idioma
Português
Data Lançamento
29/01/2021
Páginas
70
Peso
140,00
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