Elizandra Cerqueira Moura nasceu em um difícil parto na pobreza do sertão baiano. Quando tinha apenas um ano de idade, seus pais decidiram tentar a vida na grande cidade. Havia um bairro rico na Zona Oeste de São Paulo em expansão, e a construção civil precisava de mão de obra barata para erguer seus prédios luxuosos.

Ataídes, pai de Elizandra, foi um dos milhares de nordestinos que deram o suor nas obras do Morumbi, instalando-se com a família no bairro favelizado que crescia ao lado. Hoje, Paraisópolis é uma das maiores favelas de São Paulo e do Brasil, um complexo habitacional marcado por pobreza e violência, mas também pela diversidade cultural, pelo empreendedorismo e pelos inúmeros exemplos de resiliência e luta.

Elizandra Moura é um desses exemplos. Ainda no colégio, tornou-se líder estudantil e referência de liderança na sua comunidade; superou o preconceito no ambiente de trabalho, estudou publicidade numa grande faculdade, mobilizou o agenciamento de mais de três mil empregos para moradores de Paraisópolis, virou presidente da Associação de Mulheres e fundou um negócio no ramo da gastronomia ancorado nos valores de sustentabilidade e de empoderamento feminino.

Este incrível rol de realizações a levou a ser escolhida pelo projeto Biografias Colaborativas, que percorreu as periferias de São Paulo em busca de cinco histórias inspiradoras protagonizadas por mulheres empreendedoras. Elizandra: muitas vozes numa só é uma dessas histórias.