Este livro é a projeção do que se "re-expõe", como escrita e leitura, de um encontro praticamente encantado entre o arremesso provocado pelos trabalhos de Elida Tessler e a tessitura vagarosa do texto de Isabela Bosi. Se a possibilidade do encontro tem a ver, primeiro, como uma sugestão de choque, alarga-se, depois, exatamente no inexato que é toda e qualquer intenção até um jogo de sentidos com outros significados, como descobrimento ou confluência de rios, o que, por sua vez, se desdobra em questões e perspectivas que são muito caras a Isabela nesse espaçamento do gesto de ler o arremesso de Elida: envio de tempo, grafia e coleção, poema e endereçamento, cor e espessura, começo e termo, escorrimento e reverberação, palavra e fala infinita.

A partir disso que toma por conceitos ou expressões de início, a autora dedica-se, com esmero e toda a fúria do pensamento, imersa numa espiral de delicadezas, a um passeio por uma série de trabalhos de Elida, percorrendo cada conceito como uma sensibilidade tátil sobre o que escolheu para pensar junto, pensar com, e correr as mãos na dimensão erótica mais serena do corpo. Isso é ler. Repare-se que, a cada capítulo deste texto, temos uma atenção deliberada, com precisão e instante de agulha, a essa dimensão do quanto ler é também penetração viscosa e porosidade, amálgama e desidentificação. Talvez, ou certamente, o que se tem com este livro é uma primeira leitura crítica mais arguta e empenhada, com demora e espera, acerca do trabalho de Elida Tessler.