Os textos do livro, trazendo discussões sobre a Educação na contemporaneidade, em seus diversos níveis, da educação infantil até a pós-graduação, giram em torno de conceitos centrais do pensamento de Michel Foucault, tais como poder, disciplina, resistência e subjetividade. As reflexões deste filósofo continuam muito relevantes e atuais para compreendermos a escola, o sistema educacional, o sistema socioeducativo e a nossa própria subjetividade. Compreender como nos tornamos o que somos, passa, inevitavelmente, pela compreensão do sistema educacional e da escola, pois é neste espaço que passamos grande parte de nossas vidas, exercendo forte influência sobre a nossa formação como seres humanos. Foucault vê na filosofia grega antiga uma experiência de transformação de si que pode servir como referência para pensarmos a contemporaneidade, no sentido da nossa desconstrução e reconstrução. Por meio das reflexões sobre o cuidado de si, na sua ética, que é também uma estética da existência, o filósofo aponta para a possibilidade de produção de subjetividades que escapam aos poderes e saberes disciplinadores que fabricam corpos e mentes dóceis, submissas e úteis ao sistema de produção. Pois onde há poder, há resistências, e estas possibilitam, através das estratégias de enfrentamento do poder disciplinar, do biopoder e das diversas formas de controle, a criação de algo novo. Pensar e propor uma educação transformadora, que rompa com a internalização dos padrões instituídos e dos comportamentos formatados, é reconhecer o processo educacional como um processo de construção de experiências que afirmam a vida na sua potência de reinvenção e recriação do sistema educacional, da sociedade e do mundo.