Na gênese caótica das periferias vieram o abandono, a confusão e, logo em seguida, o crime. Só depois surgiu o verbo, a palavra consciente deflagrada pelos poetas, transformando intensas vivências em rimas de hip-hop. Agora, com a publicação de Do conto à poesia, seu oitavo livro, Alexandre Buzo eleva a narrativa da vida nua das metrópoles brasileiras a um novo patamar literário. Usando como ingredientes a realidade crua e uma rara habilidade para descrevê-la, Buzo apresenta um retrato formidável do cotidiano pulsante da maior cidade do Brasil.

São instantâneos de momentos em que o banal e o trágico se transformam em experiências novas, fascinantes e muitas vezes bizarras . É o aparelho de DVD que some um dia, fazendo com que parentes e agregados desconfiem uns dos outros. Ou os amigos que montam uma pequena boca de fumo, mas, por inaptidão para o ofício, acabam endividados e jurados. O traficante medroso que atormenta os clientes exigindo discrição. É, ainda, a jovem prostituta que ascende socialmente e compra um carro. Em seus contos e poesias, Buzo revela um Brasil inapelavelmente real, a um só tempo conhecido e insondável.