O Estatuto da Cidade foi celebrado por juristas, urbanistas, geógrafos e planejadores urbanos como uma legislação capaz de reduzir as desigualdades socioespaciais das cidades brasileiro. Contudo, a realidade nos mostrou que essa conquista jurídico-legislativa não foi acompanhada de melhoria na qualidade de vida do morador urbano. Surge, então, a seguinte questão: o Direito Urbanístico pode contribuir para a transformação das nossas cidades, concretizando os objetivos da política urbana traçados na Constituição de 1988? Para responder a essa indagação, a autora refaz a trajetória da construção do direito à cidade no imaginário acadêmico e da sua incorporação ao discurso dos atores políticos globais e nacionais. Esse é o ponto de partida para a análise da doutrina nacional sobre Direito Urbanístico e para a constatação de que a ideologia neoliberal, que norteou os primeiros doutrinadores nessa área do Direito, continua a orientar a corrente hegemônica mesmo depois da promulgação da Constituição de 1988.