O Medo, com nuances que vão do mero Receio até o mais obsessivo Terror, compõe o Homem, e é o responsável por sua evolução. Sem o Medo, a raça humana há muito estaria extinta; nenhum sentimento pode sobrepor-se ao Medo como
moto-contínuo das ações humanas. Emoções vêm e vão, o Medo permanece.

De todos os medos, a consciência humana produziu o mais forte, o mais incisivo, o derradeiro Medo: o Medo da Morte. O insondável reino das trevas da nossa ignorância, a Morte é a única certeza, é o grande Medo.

Por conta disso, precisamos dos heróis, daqueles que desafiam a Morte, que parecem ter a certeza que ninguém tem. E, entre os heróis, os santos são aqueles que mais nos chamam a atenção. Por conta de nossos medos, são adorados, como se pudessem nos proteger de inimigos invisíveis, e da Grande Inimiga, afinal.

Mas os santos são inatingíveis, e por isso colecionamos relíquias, objetos sagrados, perante os quais rezamos e buscamos apoio. Contra o Medo, e por conta do Medo, caímos na Superstição, na Crendice, que acaba por realimentar o próprio Medo original.

Assim, a Existência se transforma no labirinto do Medo, do qual tentamos fugir, que achamos estar às nossas costas, à nossa frente, em cada esquina. Só muito tarde percebemos que o Medo está em nós, faz parte de nós, é cada um de nós!

E, para enfrentá-lo, somente pode valer um mergulho para dentro de nossas almas, de nossos maiores medos. E é isso que este livro, organizado por Márcio Trigo, poderá fazer por você, meu caro leitor. Atire-se nestes dez contos e descubra, em cada um deles, o Medo que está dentro de Você, Você, ou todos Vocês...