A tessitura desta obra poética é o amor em seus desdobramentos existenciais: A
saudade, a homenagem, os encontros, os desencontros, as feridas, o lenitivo, o desespero, os sonhos, a esperança… E essas coisas todas, soltas na vida, ditas de uma forma leve, através da voz da poesia.

Logo no entrar da porta, a poeta nos apresenta as “palavras” dizendo o que sente: “A palavra/me cai como uma luva/sinto quase a pousar/fluir da mente” e daí
as fluições se derramam por todo corpus poético de uma forma profunda.

Marta Aguiar, em seu fazer poético, tece as urdiduras humanas no tear de vários
sentimentos, dentre os quais: a ausência, a saudade... E onde agora? Em que
estrela habita o menino poeta? Só resta “A barba crescendo/no escuro”.

Me encanta também observar a sua “sintonia” com a poesia. A poeta descortina esses
sentimentos, desembrulha as palavras, constrói pontes e distâncias, encurta caminhos; trazendo em suas falas embebidas de amor, a sensualidade, mas de uma forma como se fosse depositar no nosso colo flores em um cesto de vime, com suas farpas e espinhos... É do nosso substrato humano as angústias, as feridas, as cicatrizes e o lenitivo também. Isto, Marta Aguiar vai descortinando em seus “Desvelares”.

Eu poderia destacar muitos excertos desta obra, que muito me honra em tecer
comentários, mas deixo a cargo dos leitores descortinar os véus e descobrir o que
ficou por dizer.

Saio, encantada!

Agora, entrem…

Luiza Cantanhêde, poeta