A inciativa de reunir neste livro artigos de autores que vem refletindo sobre os diversos estados psíquicos na contemporaneidade, deve-se ao fato, de estarmos inseridos num contexto sócio-político-econômico atravessado pelos ditames de um sistema capitalista que vem atingindo seu ponto máximo de degenerecência : o embalamento do mundo marcado pela lógica das acelerações e acumulações, palavras que regem as novas economias psíquicas.

A posição psicanalítica caminha na direção oposta aos efeitos de sideração social os quais produzem identidades puramente ancoradas num excesso de imaginário patologizado encontrando suas origens no desdobramento da cultura dos «selfies». O princípio regulador da psicanálise se demarca pela pulsão de vida que rege a condição humana, quer dizer, uma tentativa de ser resiliente face às adversidades do meio social que buscam de maneira subliminar, pela cultura do objeto e do discurso capitalista, alienar e subtrair o humano da sua essência fundamental, a condição de ser de desejo por que ser da falta. A psicanálise resiste pois garante a escuta da palavra, da enunciação, de um sujeito social que adoece, sintomatiza por que clama pelo reconhecimento de seu lugar de ser singular, validado por uma alteridade fundamental que o confere o lugar de Ser de Linguagem que para existir precisa garantir ao menos a salvaguarda de uma estrutura ternária.