É preciso compreender a relação complexa, antagonista e complementar entre cultura e barbárie para melhor poder resistir à barbárie.

A Europa foi o foco de uma dominação bárbara sobre o mundo durante cinco séculos. Foi também, em contrapartida, o foco das idéias emancipadoras que minaram essa dominação. Em Cultura e barbárie européias, Edgar Morin propõe uma reflexão sobre a coexistência entre cultura e barbárie, e expõe o conjunto de pulsões de morte que cerca o descomedimento humano, ele mesmo produto e produtor dos processos civilizatórios.

Resultado de três conferências realizadas na Biblioteca Nacional François Mitterrand de Paris, em 2005, Cultura e barbárie européias procura demonstrar que a barbárie não é apenas um elemento que acompanha a civilização, e sim uma de suas partes integrantes. A civilização produz barbárie, e esta produz conquista e dominação.

Embora se possa falar em barbárie nas sociedades arcaicas, será nas sociedades históricas que assistiremos ao surgimento de traços de barbárie ligada ao poder do Estado e à desmedida demencial, a hybris. Uma verdadeira série de conquistas ultrapassará a simples necessidade vital e se manifestará através de massacres, destruições sistemáticas, pilhagens, estupros, escravidão, delinqüência, criminalidade, guerras, fanatismos, genocídios.