“Ascensão e queda de um escritor, depois de novo ascensão, depois de novo queda. E a coisa vai nessa direção. Vida e morte de um poeta, depois de novo vida, depois de novo morte e assim sucessivamente. Esta é a história de Benito Milagres, a história de um poeta que – como todos os poetas – não sabe a diferença entre vida e literatura. Esse o seu grande problema. Mas – como todos os bons e os maus poetas – ele sabe transformar deveras o que sente. Esse o seu grande talento. Não se trata mais de fingimento, não se trata nem mesmo de laceração, sua dor aqui é credencial para o quê? Sem meias palavras, trata-se de uma das mais curiosas doenças que uma vez já afligiu um escritor e sua obra. Como aquele fotógrafo incrível que ficou cego e ficamos sem saber se ele é mais incrível porque ficou cego. Ou então como aquele compositor genial que ficou surdo e ficamos sem saber se ele é mais genial porque ficou surdo. Não dá para saber. No inquieto coração de Benito acontece algo que carrega seu gênio e leva seu corpo junto, lançando-o assustadoramente em queda livre. Aliás, esse “é o grande segredo dos verdadeiros trapezistas”, eles “sabem pouco do ar e muito do chão”. Com uma linguagem empolgante e espírito burlesco, Cossacos Gentis é um romance que narra, com diversos ritmos, a história de Benito Milagres, a história de um poeta que – como poucos – não sabe a diferença entre literatura e morte.”

- Leonardo Gandolfi