Livro com cartas inéditas de Drummond expõe o homem e o amigo por trás do poeta

Quantos aspirantes a poeta jamais serão conhecidos do grande público? A maioria esmagadora, é evidente. Quantos deles terão um grande escritor não só como referência, influência e inspiração, mas como interlocutor, conselheiro e, amigo? Uma parcela mínima, com certeza. É esse, por exemplo, o caso do jovem romeno Franz Xaver Kappus, destinatário das famosas missivas do poeta Rainer Maria Rilke, publicadas postumamente em Cartas a um jovem poeta.

É esse também o caso do hispano-brasileiro Domingo Gonzalez Cruz, autor premiado que, na juventude, trocou correspondências com nosso “Poeta Maior”, o mineiro da “pedra no meio do caminho” — uma experiência inesquecível, que chega finalmente às mãos dos leitores em Conversas sobre poesia com Carlos Drummond de Andrade, mais novo lançamento da Escrita Fina Edições.

Com prefácio esmerado do poeta, cronista e ensaísta Carlos Augusto Corrêa (contemporâneo da geração de 70, de gente como Leila Míccolis, Ana Cristina César, Cacaso e Chacal, entre outros), o livro apresenta uma faceta drummondiana — fora da seara da poesia — pouco conhecida do público, já habituado com sua figura tímida: o falar mais informal, íntimo, próprio de camaradas, sem academicismos baratos, e sim repleto de lições sobre a poesia e o fazer poético.