Em uma abordagem original e interessante, "Colecionador, Arte e Materialismo Histórico em Walter Benjamin" analisa a concepção benjaminiana de materialismo histórico pela via da estética e da arte. Para tanto, toma como base o ensaio “Eduard Fuchs, Colecionador e Historiador”, de Benjamin, pouco trabalhado pela recepção crítica brasileira, mas fundamental no pensamento do filósofo, já que é nesse texto que se inicia o esboço de uma história materialista da cultura, em contraposição ao caráter idealista da cultura. Essa análise avança em três frentes: a caracterização do historiador e colecionador Eduard Fuchs e sua coleção, a abordagem do pano de fundo histórico em que surgiu sua obra – a social-democracia – e a imersão dos elementos frutíferos da obra de Fuchs tomados em consonância com as reflexões epistemo-críticas de Benjamin. Articulando esse texto inicial com outros escritos benjaminianos, com textos do próprio Fuchs e com obras de seu acervo, o autor João Lopes Rampim revela a importância do colecionador, da coleção e de seus objetos. Ao trazerem para o presente obras de arte de outrora relacionadas às massas e difamadas pela tradição estética dominante, constituem elementos essenciais de reconfiguração do passado, instância que reúne as condições indispensáveis para mobilizar as forças históricas que atuam no presente e são o móbil para as mudanças e rupturas necessárias.