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Eu acredito na poesia que surge “sem pedir desculpas”, tal qual a que Jessica Stori apresenta neste livro. Uma escrita de quem “chora em línguas” e “honra os olhos cheios de terra”, quando escrever é o mesmo exercício de se perceber viva, sem mediação, no susto existente em manusear palavras. O espanto de se descobrir criando poemas, a manutenção do desejo de abrir a boca e dizer. O chamado é essa necessidade de “criar algo com isso” que cruza o corpo, o habita, avoluma e se dá a ver nos encontros com as que estão, estavam, estariam e estarão. Uma poesia que se lança ao seu tempo e além — é sempre além — criando comunidade com as irmãs, as mais próximas e as mais improváveis. As temporalidades (im)possíveis neste país de histórias mal contadas. “usar os pés para escrever” nessa caminhada que já não sustenta o silenciamento que era antes condição. Uma atividade que articula a energia vital de se saber “uma mulher latino-americana”. O pedido: “não ter medo”. Ela sabe que a ausência que pesa não é dela, “é do mundo”, que geralmente “não dá conta” do que se leva “na ponta do bico do peito”. Meu convite é que estas páginas sejam lidas com a mesma voracidade de quem as escreveu. A urgência que há em se dedicar — mulher — às letras: reinventando passado, presente e futuro. Não obedecer. Não ceder à paisagem inerte, acostumada, assassina. “Ontem eu caí, de hoje eu não caio”. A (re)feitura do corpo a cada material, “refazer a crítica” aqui onde não há “narrativa pronta”. O que é ser uma escritora?, ela parece sempre perguntar. E depois a questão se altera: é, antes, processualmente, sobre o que pode ser uma escritora? — sem a pretensão de ter respostas, mas com a firmeza de quem desconfia. “tanto acontecendo e eu vou ali me contar”, como gesto de coragem audaciosa, de quem não justifica existência e mesmo assim se expõe. O projeto é “estancar até circular”. Aprender e “ensinar a ser pessoa”. Jessica diz que “toda cicatriz traz um novo registro de como contar o tempo” e eu, daqui, acho que também os livros nos ofertam a mesma possibilidade. Acho até que os livros sejam, eles mesmos, cicatrizes. Olhem bem para este. E contem, depois, de novo, o tempo.
Francisco Mallmann
Nome
CARNE E COLAPSO
CodBarra
9788571051775
Segmento
Literatura e Ficção
Encadernação
Brochura
Idioma
Português
Data Lançamento
01/01/2020
Páginas
82
Peso
185,00
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