Uma senhora prepara o café da manhã na casa na praia. Levanta cedo, faz o suco, escolhe as frutas e a geleia, vê os ovos fritando e arruma bem a mesa. Mas ela não está sozinha: seres inusitados — que vão de uma sereia à la Carmen Miranda a um polvo gigante, de piratas a um leão-marinho de chapéu — a acompanham em cada uma dessas atividades, enchendo seu cotidiano de fantasia e graça. Esse é o mote de Café da manhã, livro escrito por Micaela Chirif e ilustrado por Gabriel Alayza. É o segundo título da dupla peruana a ser selecionado para o catálogo White Ravens, da Biblioteca Internacional da Juventude, de Munique — publicação que reúne os melhores títulos da Feira Internacional do Livro de Bolonha, a mais importante do mercado infantojuvenil. O maior trunfo de Café da manhã vem da improvável protagonista: uma avó que à primeira vista até parece convencional, mas aos poucos se revela uma mulher divertida, meio amalucada, com vida e segredos próprios. Ela rompe com o estereótipo do idoso que vive em função do restante da família e não tem vontades e desejos, mostrando aos jovens leitores que as fantasias nunca são abandonadas por completo. Com um toque surreal, tudo isso é condensado em uma sequência memorável de dança entre a senhora e um mergulhador de identidade desconhecida, escondido sob um escafandro.