A coletânea de ensaios Belle Époque: crítica, arte e cultura traz à cena a atmosfera artística, literária e jornalística das primeiras décadas do século XX, em que salões, cabarés, confeitarias, cinemas, teatros e conferências cruzam-se como espaços de encontros e divulgação de arte. O Rio de Janeiro de então, referência cultural do país, passava por intensas transformações urbanas sob o domínio da técnica e da velocidade, proporcio­nando a seus habitantes novas e inusitadas experiên­cias sensoriais. Hoje, quando no Rio de Janeiro, nas primeiras décadas do século XXI, voltam a ocorrer profundas e vertiginosas transformações no mapa urbano e a tecnologia faz parte da vida dos cidadãos, voltar o olhar para as contradições e impasses dos “belos tempos” faz-nos aptos a metabolizar e transmutar certas memórias do pas­sado, em favor da valorização nietzs­chiana do presente. Trata-se, assim, de entender o moderno cerca de cem anos depois, em sua manifestação carioca, instaurada por uma dinâmica singular.