Ao revisitar suas lembranças desde a primeira infância até o momento atual, a autora traça um panorama da sua trajetória nesse mundo. De uma maneira densa e assertiva em suas críticas sociais, em sua prosa poética, ela narra seus primeiros passos, o contato com a terra e o mar e, para assimilar essa experiência, recorre a todos os sentidos,adentrando profundamente no que está a conhecer. Juntamente com tudo isso, sua poesia em verso segue livre. Um respiro em meio a tanta informação. Em meio a tanta cidade, a tantos prédios ela segue sua rotina, troca afetos. No espaço-tempo entre o presente, que aparece de repente, e suas memórias, segue caminhando.

A criança e suas observações acerca dos infantes com quem tem contato aparecem em muitos momentos, ao longo do livro. A primeira a ser citada é a que escreve, rodeada em meio a adultos que lhe parecem gigantes. Em meio ao carnaval, ela encontra seu próprio universo particular. Ao longo de sua escrita esses seres em formação, esponjas, aparecem outras tantas vezes. São pequeninos pontos de mudança, renovação. Elas sempre podem quebrar as normas. Aliás, normas é algo que não lhes pertencem. Na dúvida: siga as crianças.

Isabela Godoi, cineasta e poetisa