Considerada uma das maiores artistas portuguesas vivas, Regina Guimarães, além de tradutora, dramaturga, diretora de vídeos, roteirista de cinema, letrista, entre outras coisas, é autora de uma extensa e respeitável obra poética, iniciada em 1974. Antes de mais e depois de tudo, primeiro livro da poeta publicado no Brasil, não é somente uma recolha e uma apresentação de sua poesia, mas é sobretudo um volume reflete a coragem e a postura diligentemente política com que a autora sempre ocupou e se posicionou diante da vida e da arte em geral.

Publicada pela primeira vez em 2020, pela Editora Exclamação, a antologia teve seus poemas selecionados e organizados por Rui Manuel Amaral, que assina também o Posfácio do livro, no qual afirma:

“Há poucas pessoas como Regina Guimarães. Muito poucas. Talvez não conheça mais ninguém como ela. Nunca vi as suas mãos paradas. Se não escreve, desenha. Se não desenha, escreve. Se não está a escrever ou a desenhar, está a construir objectos com materiais invulgares. Se não está a construir objectos, está a filmar ou a bordar, ou a fazer qualquer coisa espantosa. Seja em que circunstância for e onde quer que esteja. Já devia ter referido isto. Talvez devesse ter começado por aqui. É que, na sua obra, a poesia não se faz só com palavras.

Em tempos, Rainer Werner Fassbinder disse que gostava de construir uma casa com os seus filmes. «Alguns seriam a cave, outros as paredes, outros ainda as janelas. Mas, no final, gostava que todos fossem uma casa.» Eis uma coisa que Regina Guimarães nunca poderia dizer. Porque a casa nunca seria feita apenas de filmes, mas de tudo o que a sua fulgurante imaginação é capaz: livros, objectos, peças de teatro, argumentos, canções, desenhos, traduções, textos críticos, ensaios, poemas, muitos poemas, filhos, netos, amigos, vizinhos, e, sim, também filmes, vários filmes.”

Esta edição brasileira conta também com um posfácio de Margarida Vale de Gato, escrito especialmente aos leitores brasileiros.