"Anarquipélago" funda uma carta náutica imprecisa e impura para navegação e naufrágio em oceano onde a poesia, despedaçada, flutua imperecível, levada pelos ventos da eterna crise do verso. Entre marés homéricas e mallarmaicas, o não utilitário da palavra poética, desde que os poetas foram expulsos do centro da ágora por perturbação da ordem e dos sentidos, adquiriu resistência divina. É a fragilidade de sua música misteriosa, o nada de sua expressão, o vírus da experimentação e a contínua provocação à escrita do poder, incapaz de perceber o poder da escrita, que reforçam o vigor da poesia, a potência da palavra em estado insurrecional, a língua de velas soltas no meio das tempestades, a linguagem aberta no grau máximo da liberdade.