Amarelo é um livro ilustrado à mão, com lápis de cor e grafite. Sua narrativa, exclusivamente visual, é construída por Daniela Galanti a partir do encontro entre a arguta observação do cotidiano e a abertura para a imaginação – na tradição dos bons livros de imagem ou silent-books –, e encanta pela riqueza de detalhes e pela forma (e aí é um ponto importante) como conteúdo e... forma se relacionam na materialização do livro-objeto cheio de surpresa e delicadeza, e como as cores vão entrando na história e contribuindo para o seu desenvolvimento.

Parte integrante de uma trilogia de livros sanfonados sobre cores primárias, que evidentemente se complementa com Vermelho e Azul – todos lançados ao mesmo tempo agora pela Edições Barbatana –, Amarelo tem o seu início narrado em tons de grafite e, em meio ao cinza monocromático da cidade, e com a surpresa que uma carta pode trazer, vai se deixando notar com a sua “imensa luz”, nas palavras definidoras de Ziraldo, em Flicts (1969), até finalmente explodir em uma profusão de cores (“A Terra é azul”, Yuri Gagárin) que certamente incluiriam a cor do mestre mineiro (“A Lua é flicts”, Neil Armstrong).

Em 12 páginas dobradas, vemos como o (nosso) mundo pode ser bem mais colorido, e como é importante estarmos atentos a essas cores que se formam a partir do amarelo, do vermelho e do... azul!