O que é um laboratório teatral? Por que um laboratório teatral? Alquimistas do Palco, de Mirella Schino, procura dar respostas a essas questões, a partir das experiências e teorias, das visões e técnicas, das diferenças e similaridades dos laboratórios teatrais europeus do século XX. Examina em profundidade os estúdios de Stanislávski e Meierhold, a escola de Decroux, o Teatro Laboratório de Jerzy Grotowski e Ludwik Flaszen e o Odin Teatret de Eugenio Barba.
Estes laboratórios incorporam no fazer teatral uma nova prática, que desafia as demandas, costumes e modos de produção usuais, e alteram funções sensíveis que a arte do palco vem exercendo em nossa sociedade ao longo do tempo; é um teatro que recusa ser somente arte e cuja pesquisa radical forja condições novas, que visam a transformação do ator e do espectador, e que faz do ofício teatral um laboratório comparável aos dos alquimistas, que trabalhavam não o material mas o substancial. Os alquimistas do palco operam, ao lado das formas e estilos, principalmente, na substância viva do teatro: o ator, visto não como artista, porém, acima de tudo, como expressão do que há de mais essencial que se poderia almejar na carne e no espírito do ser humano. Poucas vezes essas oficinas experimentais da cena estiveram no centro dos acontecimentos, muito embora tenham – em suas atividades investigativas e, no entanto, nem sempre integradas nos projetos encenantes – influenciado significativa, senão decisivamente, os rumos do movimento teatral, a partir do século XX. Mirella Schino, em Alquimistas do Palco, narra, com um fio novelesco, as vicissitudes dos grupos de profissionais e estudiosos, intérpretes e críticos, que se lançaram em busca de novas perspectivas técnicas, espirituais e políticas sob a palavra “laboratório”, aplicada ao teatro, como insígnia de sua renovação.