Perpassando tempos e geografias, os poemas de àdúrà, o esperado novo livro do poeta Camillo César Alvarenga, evocam temas enraizados na herança linguística e cultural da África Ocidental e a sua influência na cultura baiana e do candomblé, com aspectos da poética iorubana tendo um papel de destaque na obra. Por meio deste conjunto de poemas, Camillo leva o leitor por sua própria jornada diaspórica com uma voz lírica que busca o “tempo dentro do tempo”, nos ritmos mestres da cosmologia milenar. Com um afinado discernimento contemporâneo e a sua “política do ritmo” – motif marcante no trabalho de Alvarenga e título de um poema-série da obra, àdúrà é um livro de puro movimento, como aponta a poeta Laura Castro na sua bela orelha:

“É possível dançar àdúrà, é para uma dança, uma ginga de palavras, é para um livro de batuques-orações que Camillo César Alvarenga nos chama.” (Laura Castro)

A capa do livro traz a arte de Gasali Adeyemo, artista nigeriano radicado nos Estados Unidos. Tintureiro de tecidos de fibras naturais, Adeyemo foca as suas investigações artísticas sobre têxteis tingidos com índigo e sobre a cultura iorubá com uma obra que aqui dialoga fortemente com o texto de Camillo César Alvarenga.