Karl Bazinger é um capitão do exército nazista, bastante boêmio e mulherengo, mas não muito convicto de seu papel na guerra, sua crise de consciência se manifesta na forma de violentas erupções cutâneas aparentemente causadas pelo uniforme. Hans Bielenberg é integrante de uma rede de espionagem soviética infiltrado no Ministério da Aeronáutica alemão. Nos arredores de Kiev, a médica Katia Zvesdny atende a uma comunidade judaica e cuida do pai, um músico que enlouqueceu depois que a mulher o deixou, enquanto espera notícias do marido, prisioneiro dos campos de Stálin.

Graças a uma narrativa engenhosa, em que um ponto de vista desliza sorrateiramente para outro, sem muito alarde, penetramos na intimidade de pessoas comuns tentando desesperadamente manter algum tipo de comunicação. Costurando delicadamente a vida desses três protagonistas, Nella Bielski desvela histórias ligadas entre si pela tragédia dos tempos de guerra e por um desejo de continuar vivo nos escombros do mundo. Às margens dos rios Sena, Elba e Dniepre, Bielski nos mostra que os lampejos de felicidade são a melhor defesa da sanidade contra a podridão que parece tomar o mundo.