“A concepção do livro partiu principalmente para comemorar 20 anos de realização desse trabalho fotográfico, mas também acompanhar as mudanças e o aumento de indivíduos na região”, diz Marco Terranova, que teve como fotógrafo convidado Enrico Marcovaldi. O livro, bilíngue (português – inglês), também traz uma verdadeira aula histórica e ambiental sobre Abrolhos, através dos textos de Carlos Roberto Carvalho Daróz; Ian Fortes & José Carlos Sicoli Seoane; Janaína Zito Losada & José Augusto Drummond; Ana Cristina Freitas; divididos pelos capítulos que abordam a história da batalha de Abrolhos, a geologia da região, a proteção ambiental e o berçário das baleias, e a biodiversidade no Parque Nacional Marinho de Abrolhos.

O primeiro parágrafo do prefácio escrito pelo companheiro de profissão Rogério Reis dá a dimensão do olhar diferenciado de Terranova em comunhão com o meio ambiente: “Os bons fotógrafos de natureza são também ambientalistas dotados de paciência acima da média quando se trata de esperar o animal desejado. Conscientes da ameaça permanente que representa o desequilíbrio ecológico em curso, produzem imagens para fins educativos, científicos, culturais e artísticos. Assim, cachoeiras, trilhas e escaladas fazem parte do dia a dia de Marco Terranova, para que ele se mantenha ativo, perceptivo e, como ele mesmo diz, ‘busque estar no seu devido lugar’”.

Terranova conseguiu captar momentos únicos, como as baleias jubarte de 15 metros saltando do mar, o que gerou capa da revista Domingo, do Jornal do Brasil, em 1996. As fotos traduzem o arquipélago descoberto em 1503 pelo italiano Américo Vespúcio - foi assim batizado por conta de alertas dos navegantes portugueses no século XVI: "Quando te aproximares de terra, abre os olhos". E com viés histórico, o capítulo primeiro escrito pelo escritor e pesquisador Carlos Roberto Carvalho Daróz, descreve com maestria os primeiros registros dos navegadores a serviço de Portugal, seguido da primeira referência escrita sobre Abrolhos e a primeira batalha luso-espanhola contra os Holandeses.

O texto seguinte, assinado pelos professores Ian Fortes e José Carlos Sicoli Seoane faz um apanhado geológico do arquipélago - suas composições rochosas, a geomorfologia das ilhas e o Complexo Vulcânico de Abrolhos. Já Janaína Zito Losada e José Augusto Drummond, também professores, contam como foi criado o Parque Nacional Marinho de Abrolhos — PNMA, falam das passagens de cientistas como Charles Darwin, Charles Frederick Hartt e Maria Graham, e dissertam sobre as florestas submarinas dos séculos XIX e XX. Finalizando, a bióloga Ana Cristina Freitas destrincha a biodiversidade marinha do Complexo Recifal dos Abrolhos e a biodiversidade terrestre do Arquipélago de Abrolhos.