A Verdade e as Formas Jurídicas foi o título das conferências proferidas por Michel Foucault no Brasil – entre 21 e 25 de maio de 1973, organizadas pelo Departamento de Letras da PUC-Rio – que deram origem a este livro. Para celebrar os quarenta anos do evento, a NAU Editora organizou esta edição comemorativa, com apresentação de Eduardo Jardim.

A Verdade e as Formas Jurídicas é um livro sui generis no conjunto da obra deste que é um dos filósofos mais importantes do século XX. Aqui o leitor poderá encontrar uma clara introdução a algumas das ideias fundamentais do pensamento foucaultiano: a análise do discurso e da verdade concebida historicamente, os dispositivos inventados pela sociedade de controle e os processos de subjetivação, o desvelamento das relações entre os saberes e os poderes etc. Alguns dos temas capitais de sua obra são pela primeira vez anunciados aqui de forma simples e acessível graças à fluidez da oralidade.

Em A Verdade e as Formas Jurídicas, Foucault questiona radicalmente o conceito de verdade e analisa sua construção na trama das relações de poder. A partir da proposição do binômio saber-poder, analisa as principais práticas jurídicas engendradas ao longo da história do Ocidente e ainda revela como, no sec. XIX, a criação da sociologia e da psicologia atuaram como novas formas de controle social sobre o indivíduo, tendo a arquitetura do Panopticon como modelo de instituição ideal.

Proposto primeiramente em 1785 pelo filósofo inglês Jeremy Bentham para a construção de um centro penitenciário – em que todos são vigiados o tempo todo – o panoptismo converte-se em uma forma de relação do estado com seus cidadãos, transformando-se em símbolo do próprio sistema de funcionamento da sociedade de controle, o que a recente onipresença das câmeras de vigilância veio confirmar. Ao final das conferências, Foucault debate com importantes pensadores brasileiros de diversas áreas, fechando assim com chave de ouro este evento que marcou a história da filosofia e das ciências humanas no Brasil.