A filha de um escritor consagrado, que morre repentinamente, é convidada a escrever a biografia do pai. Uma tarefa aparentemente fácil, se ela soubesse alguma coisa sobre sua infância ou seu passado. Recolhido a uma pequena cidade litorânea na Inglaterra, Gerald Candless, famoso mundialmente, soube preservar sua privacidade, mantendo uma vida familiar aparentemente feliz. As revelações que surgirão a partir da pesquisa da filha, enquanto a família se adapta à perda de seu chefe, são os temas paralelos de 'A verdade através da névoa'. As contradições humanas são uma especialidade de Barbara Vine, que demonstra o mesmo vigor nos thrillers psicológicos que nas novelas policiais de Ruth Rendell. Em, 'A verdade através da névoa', nenhum personagem é totalmente bom ou mau. Não há vilões, apenas pessoas que, em algum momento da vida, têm atitudes eticamente reprováveis. Sarah vai escrever sobre o pai para obter a notoriedade que não conseguiu como professora universitária; o casamento perfeito do escritor com a mulher é pura fachada, ignorada até pelos amigos mais discretos; a viúva Ruth, ofuscada pelo brilhantismo do marido, ressente-se do afastamento das filhas, das quais jamais tentou aproximar-se quando crianças; o escritor arrogante e vaidoso é um pai sinceramente dedicado às meninas, que escolheu a mulher perfeita, imaginando que garantiria a prole bela e inteligente com que sonhava. Contada em sucessivos flashbacks, desencadeados pela pesquisa de Sarah, a história enfoca as semelhanças nas dificuldades das relações amorosas, sejam no meio ou no fim do século XX. Se preconceitos e a repressão sexual prejudicavam os amantes no passado, na atualidade o maior problema que eles precisam superar é a falta de comunicação.