Em 1973, Luís Carlos Lisboa, jornalista e escritor, definiu Edy Lima, em um texto publicado na revista Veja, como uma daquelas autoras irresistíveis e raras na vocação de falar às crianças. Ainda que seus livros, no entanto, não fossem muito fáceis de ser explicados à primeira vista. Afinal, qual a novidade de uma vaca voar no mundo mágico das histórias infantis, onde basta querer para ser possível? A vaca voadora, primeiro livro da coleção, ganhou leitores cúmplices no prazer de ler e já vendeu mais de 2 milhões de exemplares. Em A vaca na 4ª dimensão (Global Editora, R$ 29, 96 páginas), os voos não são apenas dos personagens, mas especialmente do leitor, que exercita a imaginação e o raciocínio com situações e diálogos que discutem o sentido de tempo e espaço, e até se a realidade é tão “real” como supomos.

“ – Seja como for, se estamos fora do nosso tempo nada pode nos acontecer, já expliquei que o futuro não pode ser aniquilado no passado.”

Desta vez, tia Quiquinha está entusiasmada com seu novo laboratório, onde pretende descobrir os mistérios dos “objetos desconhecidos”, que trouxe do fundo mar. Lá está toda a família, inclusive a vaca, mas em vez do que esperam acontece o inesperado. São projetados num mundo fora do tempo e espaço, onde se deslocam ficando parados, gente surge e se desfaz no ar e outras estranhezas. As situações se sucedem entremeadas de diálogos onde o absurdo cria o humor com desenvoltura e espontaneidade.