Este livro de Raul de Taunay é, ao mesmo tempo, uma apologia dos poetas, um testemunho da magia terapêutica da poesia e uma história da arte poética. Taunay compõe, em vibrante exortação, um tratado de poética, em que a sua paixão pelas coisas mais altas e mais belas do mundo. Ao investir-se da prerrogativa de oráculo-profeta e de historiador da palavra, ele nos transporta aos tempos imemoriais, numa viagem xamânica, ao Reino da Poesia, que se nos apresenta como uma entidade viva; um espírito superior, onipresente.

Percebemos, portanto, na obra de Taunay, a delicadeza de um rito de depuração espiritual, em que a nossa sensibilidade e a nossa consciência se capacitam para recebera a voz sublime do alto, de que são veículos os poetas. A poesia brilha nas páginas do livro, como uma deusa que pacífica a alma, qual um antídoto para os momentos em que a insensatez dos homens fomenta crueldades. A embriaguez das palavras ameniza o sofrimento. Panaceia, lenitivo, atributo de heroísmo nos desafios, a poesia cura.

[Márcio Catunda]