Lendas, mitos, crendices se fundem com história, realidade e ficção maravilhosa nestes dois contos de Washington Irving que, entre outras façanhas literárias, ostentam o mérito de ter criado modelos de estrutura e forma narrativa que influenciaram profundamente a rica trajetória posterior da narrativa curta norte-americana, onde sobressaíram autores de renome internacional como Mark Twain, Herman Melville, Edgar Allan Poe, Ernest Hemingway, entre tantos outros. Autor aclamado em seu país e no exterior por sua extensa obra em jornalismo, história, biografia, crítica, ensaio e ficção, em Rip van Winkle e A Lenda do Cavaleiro sem Cabeça Irving constrói uma ponte particularmente sólida e inspiradora entre a riqueza das tradições culturais e literárias europeias e a pujança dos cenários naturais, a diversidade humana e social e, sobretudo, o frescor imaginativo e inovador da recém-criada república norte-americana. A premiada escritora e ensaísta norte-americana Joyce Carol Oates talvez tenha feito uma síntese do poder criativo e da influência perene de Irving quando escreveu que suas personagens “... ficaram tão profundamente impressas na imaginação popular, que nos sensibilizam como figuras mitopoéticas – atemporais, arquetípicas, transcendendo as circunstâncias de sua própria criação.” Tanto é assim que a obra de Irving inspirou ao longo dos tempos produções e adaptações em muitas outras áreas culturais como as artes plásticas, a música, o teatro, o cinema, a televisão, e os nomes de algumas personagens marcantes de seus livros hoje batizam muitos logradouros públicos, escolas, e outras instituições em sua pátria.