O saudoso jusfilósofo italiano Norberto Bobbio referiu que o grande problema dos direitos humanos hoje não é tanto o de justificá-los, mas sim o de empreendê-los. Trata-se de um problema político e não filosófico.

Sem deixar de aquiescer com a magnífica conclusão do inesquecível professor, isso relativamente a muitos direitos humanos, parece-me que há liberdade pública ainda em estado latente de justificação teórico-dogmática: a liberdade religiosa.

É a inexorável ilação decorrente da leitura do cuidadoso e muito bem escrito livro de Isadora Isaura Mendes da Silva, sob título A crise de direitos humanos em Mianmar: a liberdade religiosa e a cidadania dos Rohingya em foco , no qual retrata, com as cores vivas da realidade, quão distante se divisa o direito humano à liberdade religiosa da etnia Rohingya em Mianmar.

Mas estado é processo, como sempre nos recorda com suas preciosas lições o brilhante jurista mexicano Adolfo Posada.

Se é assim, se estado não é; estado está sendo, acalentar, com fortíssimo otimismo, a esperança de efetiva proteção à liberdade religiosa de todos os povos do mundo é, por igual, acreditar num mundo mais justo, mais humano, mais feliz.

Isadora Isaura permite crer nesse universo melhor.

Manoel Jorge e Silva Neto Diretor-geral Adjunto da Escola Superior do Ministério Público da União (ESMPU). Subprocurador-geral do Trabalho.