Eis que volto ao começo. Meus pés na areia, após tão longa jornada. A mesma praia. Novo olhar, ainda perplexa. O que se repete, mas com certeza já não é o mesmo.

Revisito histórias, guardadas em conchas e vozes como brisas e lembro quem sou, pingo nomes e dedos para novas águas, novas areias. Novas tempestades também. O que é fim, é também começo. Tem sido esta uma grande jornada e as minhas mãos apenas dão a largada - largam-me em um novo mundo, vasto, onde já consigo em tudo me reconhecer.

O ciclo da cerimônia é a cura do olhar, ir do veneno ao amor, das ruas inversas ao passo renascido do aqui e agora, após percorrer tantos labirintos interiores, tantos corredores de dor - caminhos e penhascos das ruínas irreconhecíveis de si mesmo e do que criamos enquanto humanidade. Transfigurar por si e por todos os
que vieram antes e padeceram sem (se) compreender e os que hoje se encurralam, mas que amanhã poderão de alguma forma se refazer, escorrer o sofrimento para adentrar nova luz.

O ciclo da cerimônia é encarar, enfim, o Sol de frente, sem estremecer, e sem uma sombra de dúvida. Sorrindo. Pois ele quer nos (re)conhecer. Esta Espada te trouxe até aqui, até mim, mesmo com tudo a ruir, para juntarmos os cacos da memória.