A Amelì editora acaba de lançar A casa que José fez (The house that Jack built), divisor de águas na literatura infantil de autoria do britânico Randolph Caldecott (1846-1886). Com ilustrações originais do autor, impressas em parceria com o gravador Edmund Evans (1826 - 1905), a presente edição do livro traz a tradução caprichada e cheia de ritmo de Alexandre Barbosa de Souza.

Publicado pela primeira vez em 1878, A casa que José fez é mais que um livro infantil. Ele inaugurou o conceito de livro ilustrado como conhecemos hoje, onde o desenvolvimento da narrativa está sincronizado com a virada de páginas. A partir dessa publicação as ilustrações deixaram de ter um papel apenas decorativo e passaram a fazer parte do enredo, complementando o texto, assim como ocorre também com o projeto gráfico dos livros.

A casa que José fez é uma história baseada em uma cantiga popular - as nursery rhymes inglesas. A história começa já na capa e segue na página de rosto mostrando o fazendeiro José cumprimentando um convidado na frente de sua casa. A narrativa vai sendo construída a cada página, somando frases às anteriores, repetidamente e sempre no mesmo ritmo, num enredo que poderia ser estendido indefinidamente – uma estrutura semelhante à nossa cantiga popular A velha a fiar.

Um dos ilustradores britânicos mais importantes do período vitoriano, Caldecott inaugurou a “era de ouro” dos livros infantis, com a produção de textos voltados exclusivamente a esse público. Nesse período, as técnicas de impressão e o uso de cores passaram a ter uma atenção especial por parte das editoras e A casa que José fez foi um marco também nesse sentido.

Isso se deve ao trabalho do impressor e gravador Edmund Evans, que aperfeiçoou métodos de gravação e de xilografia em cores, o que possibilitou a publicação de A casa que José fez em edição totalmente colorida em 1878. Com as modificações de Evans, os processos para tornar os livros coloridos se tornaram menos manuais e mais rápidos. Isso simplificou a edição, aumentou a produção e reduziu os custos,possibilitando que mais crianças tivessem acesso a essas publicações.